terça-feira, 26 de abril de 2011

Ética e Moral

Etica e moral: que significam?
por Leonardo Boff, teólogo

Face a crise generalizada de ética e de moral, importa resgatar o sentido originário das palavras. Ética e moral é a mesma coisa? É e não é.
1. O significado de ética
Ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações que valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade. Que significa agir humanamente?
O primeiro princípio do agir humano, chamado por isso de regra de ouro é esse: “nao faças ao outro o que não queres que te façam a ti”. Ou positivamente: “faça ao outro o que quere que te façam a ti” Esse princípio áureo pode ser traduzido também pela expressão de Jesus, testemunhada em todas as religiões: “ama o próximo como a ti mesmo”. É o princípio do amor universal e incondicional. Quem não quer ser amado? Quem não quer amar? Alguém quer ser odiado ou se tratado com fria indiferença? Ninguém.
Outro princípio da humanidade essencial, é o cuidado. Toda vida precisa de cuidado. Um recém-nascido deixado à sua própria sorte, morre poucas horas após. O cuidado é tão essencial que, se bem observarmos, tudo o que fazemos vem acompanhado de cuidado ou falta de cuidado. Se fazemos com cuidado, tudo pode dar certo e dura mais. Tudo o que amamos também cuidamos.
A ética do cuidado hoje é fundamental: se não cuidarmos do planeta Terra, ele poderá sofrer um colapso e destruir as condições que permitem o projeto planetário humano. A própria política é o cuidado para com o bem do povo.
Outro princípio reside da solidariedade universal. Se nossos pais não fossem solidários conosco quando nascemos e nos tivessem rejeitado, não estaríamos aqui para falar de tudo isso. Se na sociedade não respeitamos as normas coletivas em solidariedade para com todos, a vida seria impossível. A solidariedade para existir de fato precisa sempre ser solidariedade a partir de baixo, dos últimos e dos que mais sofrem. A solidariedade se manfiesta então como com-paixão. Com-paixão quer dizer, ter a mesma paixão que o outro, alegrar-se com o outro, sofrer com o outro para que nunca se sinta só em seu sofrimento, construir junto algo bom para todos.
Pertence também à humanidade essencial a capacidade e a vontade de perdoar. Todos somos falíveis, podemos errar involuntariamente e prejudicar o outro conscientemente. Como gostaríamos de ser perdoados, devemos também nós perdoar. Perdoar significa não deixar que o erro e o ódio tenham a última palavra. Perdoar é conceder uma chance ao outro para que possa refazer as relações boas.
Tais princípios e inspirações formam a ética. Sempre que surge o outro diante de mim, ai surge o imperativo ético de tratá-lo humanamente. Sem tais valores a vida se torna impossível.
Por isso, ethos, donde vem ética, significava para os gregos, a casa. Na casa cada coisa tem seu lugar e os que nela habitam devem ordenar seus comportamentos para que todos possam se sentir bem. Hoje a casa não é apenas a casa individual de cada pessoa, é também a cidade, o estado e o planeta Terra como casa comum. Eis, pois, o que é a ética. Vejamos agora o que é moral.
2. O significado de moral
A forma concreta como a ética é vivida, depende de cada cultura que é sempre diferente da outra. Um indígena, um chinês, um africano vivem do seu jeito o amor, o cuidado, a solidariedade e o perdão. Esse jeito diferente chamamos de moral. Etica existe uma só para todos. Moral existem muitas, consoante as maneiras diferentes como os seres humanos organizam a vida. Vamos dar um exemplo. Importante é ter uma casa(ética). O estilo e a maneira de construi-la pode variar(moral). Pode ser simples, rústica, moderna, colonial, gótica, contanto que seja casa habitável. Assim é com a ética e a moral.
Hoje devemos construir juntos a Casa Comum para que nela todos possam caber inclusive a natureza. Faz-se mister uma ética comum, um consenso mínimo no qual todos se possam encontrar. E ao mesmo tempo, respeitar as maneiras diferentes como os povos organizam a ética, dando origem às várias morais, vale dizer, os vários modos de organizar a família, de cuidar das pessoas e da natureza, de estabelecer os laços de solidariedade entre todos, os estilos de manifestar o perdão.
A ética e as morais devem servir à vida, à convivência humana e à preservação da Casa Comum, a única que temos que é o Planeta Terra.

Rumo à Ecologia Profunda

Em seu mais novo livro, A Teia da Vida (Cultrix-Amana), Fritjof Capra mostra como a ecologia profunda - a concepção que não separa os homens da natureza - ganha relevância na nova visão da realidade.
Por Fritjof Capra (*)

À medida que o século se aproxima do fim, as preocupações com o meio ambiente adquirem suprema importância. Defrontamo-nos com toda uma série de problemas globais que estão danificando a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante, e que pode logo se tornar irreversível. Quanto mais estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. Por exemplo, somente será possível estabilizar a população quando a pobreza for reduzida em âmbito mundial. A extinção de espécies animais e vegetais numa escala massiva continuará enquanto o hemisfério meridional estiver sob o fardo de enormes dívidas. A escassez dos recursos e a degradação do meio ambiente combinam-se com populações em rápida expansão, o que leva ao colapso das comunidades locais e à violência étnica e tribal que se tornou a característica mais importante da era pós-guerra fria. Em última análise, esses problemas precisam ser vistos, exatamente, como diferentes facetas de uma única crise, que é, em grande medida, uma crise de percepção. Há soluções para os principais problemas de nosso tempo, alguns delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores. E, de fato, estamos agora no princípio dessa mudança fundamental de visão de mundo na ciência e na sociedade, uma mudança de paradigma tão radical como foi a revolução copernicana. Porém, essa compreensão ainda não despontou entre a maioria dos nossos líderes políticos. O reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir a nossa sobrevivência ainda não atingiu a maioria dos líderes das nossas grandes universidades. Nossos líderes não só deixam de reconhecer como diferentes problemas estão inter-relacionados; eles também se recusam a reconhecer como suas assim chamadas soluções afetam as gerações futuras. A partir do ponto de vista sistêmico, as únicas soluções viáveis são as soluções "sustentáveis". O conceito de sustentabilidade adquiriu importância-chave no movimento ecológico e é realmente fundamental. Este, em resumo, é o grande desafio do nosso tempo: as chances das gerações futuras.

A Mudança de Paradigma
Na minha vida de físico, meu principal interesse tem sido a dramática mudança de concepções e idéias que ocorreu na física durante os primeiros 30 anos deste século, que ainda está sendo elaborada em nossas atuais teorias da matéria. As novas concepções da física têm gerado uma profunda mudança em nossas visões de mundo; da visão de mundo mecanicista de Descartes e de Newton para uma visão holística, ecológica. A nova visão da realidade não era, em absoluto, fácil de ser aceita pelos físicos no começo do século. A exploração dos mundos atômico e subatômico colocou-os em contato com uma realidade estranha e inesperada. Em seus esforços para apreender essa nova realidade, os cientistas ficaram dolorosamente conscientes de que suas concepções básicas, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever os fenômenos atômicos. Seus problemas não eram meramente intelectuais, mas alcançavam as proporções de uma intensa crise emocional e, poder-se-ia dizer, até mesmo existencial. Eles precisaram de um longo tempo para superar essa crise, mas, no fim, foram recompensados por profundas introvisões sobre a natureza da matéria e de sua relação com a mente humana. As dramáticas mudanças de pensamento ocorridas na física no princípio deste século têm sido amplamente discutidas por físicos e filósofos durante mais de 50 anos. Elas levaram Thomas Kuhn à noção de um "paradigma" científico, definido como "uma constelação de realizações - concepções, valores, técnicas, etc. - compartilhada por uma comunidade científica e usada por essa comunidade para definir problemas e soluções legítimos". Mudanças de paradigmas, para Kuhn, ocorrem sob a forma de rupturas descontínuas e revolucionárias. Hoje, 25 anos depois da análise de Kuhn, reconhecemos a mudança de paradigma em física como parte integral de uma transformação cultural muito mais ampla. A crise intelectual dos físicos quânticos nos anos 20 espelha-se hoje numa crise cultural semelhante, porém muito mais ampla. Conseqüentemente, o que estamos vendo é uma mudança de paradigmas que está ocorrendo não apenas no âmbito da ciência, mas também na arena social, em proporções ainda mais amplas. O paradigma que está agora retrocedendo dominou nossa cultura por várias centenas de anos, durante as quais modelou nossa moderna sociedade ocidental e influenciou significativamente o restante do mundo. Esse paradigma consiste em várias idéias e valores entrincheirados, entre os quais a visão do universo como um sistema mecânico composto de blocos de construção elementares, a visão do corpo humano como uma máquina, a visão da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência, a crença no progresso material ilimitado, a ser obtido por intermédio de crescimento econômico e tecnológico, e - por fim, não menos importante - a crença em que uma sociedade na qual a mulher é, por toda a parte, classificada em posição inferior à do homem é uma sociedade que segue uma lei básica da natureza. Todas essas suposições têm sido decisivamente desafiadas por eventos recentes. E, na verdade, está ocorrendo, na atualidade, uma revisão radical dessas suposições.

Ecologia Profunda
O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas. Pode também ser denominado visão ecológica, se o termo "ecologia" for empregado num sentido muito mais amplo e profundo que o usual. A percepção ecológica profunda reconhece a independência fundamental de todos os fenômenos e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses processos). Os dois termos, "holístico" e "ecológico", diferem ligeiramente em seus significados, e parece que "holístico" é um pouco menos apropriado para descrever o novo paradigma. Uma visão holística, digamos, de uma bicicleta significa ver a bicicleta como um todo funcional e compreender, em conformidade com isso, as interdependências das suas partes. Uma visão ecológica da bicicleta inclui isso, mas acrescenta-lhe a percepção de como a bicicleta está encaixada no seu ambiente natural e social - de onde vêm as matérias-primas que entram nela, como foi fabricada, como seu uso afeta o meio ambiente natural e a comunidade pela qual ele é usada, e assim por diante. Essa distinção entre "holístico" e "ecológico" é ainda mais importante quanto falamos sobre sistemas vivos, para os quais as conexões com o meio ambiente são muito mais vitais. O sentido em que eu uso o termo "ecológico" está associado a uma escola filosófica específica e, além disso, a um movimento popular global conhecido como "ecologia profunda", que está rapidamente adquirindo proeminência. A escola filosófica foi fundada pelo filósofo norueguês Arne Naess, no início dos anos 70, com sua distinção entre "ecologia rasa" e "ecologia profunda". A ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no ser humano. Ela vê os seres humanos como situados acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui apenas um valor instrumental, ou de "uso", à natureza. A ecologia profunda não separa seres humanos - ou qualquer outra coisa do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. Em última análise, a percepção da ecologia profunda é percepção espiritual ou religiosa. Quando a concepção de espírito humano é entendida como o modo de consciência no qual o indivíduo tem uma sensação de pertinência, de conexidade, com o cosmos como um todo, torna-se claro que a percepção ecológica é espiritual na sua essência mais profunda. Não é, pois, de se surpreender o fato de que a nova visão emergente da realidade baseada na percepção ecológica profunda é consistente com a chamada filosofia perene das tradições espirituais. Há outro modo pelo qual Naess caracterizou a ecologia profunda. "A essência da ecologia profunda", diz ele, "consiste em formular questões mais profundas". É também essa a essência de uma mudança de paradigma. Precisamos estar preparados para questionar cada aspecto isolado do velho paradigma.

Ecologia social e ecofeminismo
Além da ecologia profunda, há duas importantes escolas filosóficas de ecologia, a ecologia social e a ecologia feminista, ou "ecofeminismo". Em anos recentes, tem havido um vivo debate dos méritos relativos dessas três escolas. Parece-me que cada uma delas aborda aspectos importantes do paradigma ecológico e, em vez de competir uns com os outros, seus proponentes deveriam tentar integrar suas abordagens numa visão ecológica coerente. A percepção ecológica profunda parece fornecer a base filosófica e espiritual ideal para um estilo de vida ecológico e para o ativismo ambientalista. No entanto, não nos diz muito a respeito das características e dos padrões culturais de organização social que produziram a atual crise ecológica. É esse o foco da ecologia social. O solo comum das várias escolas de ecologia social é o reconhecimento de que a natureza fundamentalmente antiecológica de muitas de nossas estruturas sócio-econômicas está arraigada no que Riane Eisler chamou de "sistema do dominador" de organização social. O patriarcado, o imperialismo, o capitalismo e o racismo são exemplos de dominação exploradora e antiecológica. O ecofeminismo poderia ser encarado como uma escola especial de ecologia social, uma vez que também aborda a dinâmica de dominação social dentro do contexto do patriarcado. Entretanto, sua análise cultural das muitas facetas do patriarcado e das ligações entre feminismo e ecologia vai muito além do arcabouço da ecologia social. Os ecofeministas vêem a dominação patriarcal de mulheres por homens como o protótipo de todas as formas de dominação e exploração: hierárquica, militarista, capitalista e industrialista. Eles mostram que a exploração da natureza, em particular, tem marchado de mãos dadas com a das mulheres, que têm sido identificadas com a natureza através dos séculos. Essa antiga associação entre mulheres e natureza liga a história das mulheres com a história do meio ambiente, e é a fonte de um parentesco natural entre feminismo e ecologia. Conseqüentemente, os ecofeministas vêem o conhecimento vivencial feminino como uma das fontes principais de uma visão ecológica da realidade.

Novos valores
Neste esboço do paradigma ecológico emergente, enfatizei até agora as mudanças nas percepções e nas maneiras de pensar. Se isso fosse tudo o que é necessário, a transição para um novo paradigma seria muito mais fácil. Há, no movimento da ecologia profunda, um número suficiente de pensadores articulados e eloqüentes que poderiam convencer nossos líderes políticos e corporativos acerca dos méritos do novo pensamento. Mas isto é só parte da história. A mudança de paradigmas requer uma expansão não apenas de nossas percepções e maneiras de pensar, mas também de nossos valores. É interessante notar aqui a notável conexão nas mudanças entre pensamentos e valores. Ambas podem ser vistas como mudanças da auto-afirmação para a integração. Essas tendências - a auto-afirmativa - são aspectos essenciais de todos os sistemas vivos. Nenhuma delas é, intrinsecamente, boa ou má. O que é bom, ou saudável, é um equilíbrio dinâmico; o que é mau, ou insalubre, é o desequilíbrio - a ênfase excessiva em uma das tendências em detrimento da outra. Agora, se olharmos para a nossa cultura industrial ocidental, veremos que enfatizamos em excesso as tendências auto-afirmativas e negligenciamos as integrativas. Isso é evidente tanto no nosso pensamento como nos nossos valores. Uma coisa que notamos ao examinar essas tendências opostas lado a lado é que os valores auto-afirmativos - competição, expansão, dominação - estão geralmente associados a homens. De fato, na sociedade patriarcal, eles não apenas são favorecidos como também recebem recompensas econômicas e poder político. Essa é uma das razões pelas quais a mudança para um sistema de valores mais equilibrados é tão difícil para a maioria das pessoas, em especial para os homens. O poder, no sentido de dominação sobre outros, é a auto-afirmação excessiva. A estrutura social na qual é exercida de modo mais efetivo é a hierarquia. De fato, nossas estruturas políticas, militares e corporativas são hierarquicamente ordenadas, com os homens geralmente ocupando os níveis superiores, e as mulheres, os inferiores. A maioria desses homens, e algumas mulheres, chegaram a considerar sua posição na hierarquia como parte de sua identidade e, desse modo, a mudança para um diferente sistema de valores gera neles medo existencial. No entanto, há outro tipo de poder, um poder mais apropriado para o novo paradigma - poder como influência de outros. A estrutura ideal para exercer esse tipo de poder não é a hierarquia, mas a rede, que é também a metáfora central da ecologia. A mudança de paradigma inclui, dessa maneira, uma mudança na organização social, uma mudança de hierarquias para redes.

Ética
Toda a questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda; é, de fato, sua característica definidora central. Enquanto o velho paradigma está baseado em valores antropocêntricos (centralizados no ser humano), a ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não-humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependências. Quando essa percepção ecológica profunda torna-se parte de nossa consciência cotidiana, emerge um sistema de ética radicalmente novo. Essa ética ecológica profunda é urgentemente necessária nos dias de hoje, especialmente na ciência, uma vez que a maior parte daquilo que os cientistas fazem não atua no sentido de promover a vida nem de preservá-la, mas sim no sentido de destruir a vida. Com os físicos projetando sistemas de armamentos que ameaçam eliminar a vida do planeta, com os químicos contaminando o meio ambiente global, com os biólogos pondo à solta tipos novos e desconhecidos de microorganismos sem saber as conseqüências, com psicólogos e outros cientistas torturando animais em nome do progresso científico - com todas essas atividades em andamento, parece da máxima urgência introduzir padrões "ecoéticos" na ciência. Geralmente, não se reconhece que os valores não são periféricos à ciência e `tecnologia, mas constituem sua própria base e força motriz. Durante a revolução científica no século 17, os valores eram separados dos fatos, e desde essa época tendemos a acreditar que os fatos científicos são independentes daquilo que fazemos, e são, portanto, independentes dos nossos valores. Na realidade, os fatos científicos emergem de toda uma constelação de percepções, valores e ações humanos - em uma palavra, emergem de um paradigma - dos quais não podem ser separados. Embora grande parte das pesquisas detalhadas possa não depender explicitamente do sistema de valores do cientista, o paradigma mais amplo, em cujo âmbito essa pesquisa é desenvolvida, os cientistas são responsáveis pelas suas pesquisas não apenas intelectual mas também moralmente. Dentro do contexto da ecologia profunda, a visão segundo a qual esses valores são inerentes a toda a natureza viva está alicerçada na experiência profunda, ecológica ou espiritual, de que a natureza e o eu são um só. Essa expansão do eu até a identificação com a natureza é a instrução básica da ecologia profunda.(*) O texto aqui apresentado é um excerto do capítulo 1, "Ecologia Profunda - Um Novo Paradigma", de A Teia da Vida - Uma Nova Compreensão Científica dos Sistemas Vivos, recém-lançado no Brasil pela Editora Cultrix. Tradução: Newton Roberval Eichemberg.Revista Nova Era n.5 - Um Guia para a Era de Aquário é uma publicação da PLANETA.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sorocaba concederá desconto no IPTU para construções sustentáveis

Os vereadores aprovaram na sessão ordinária desta quinta-feira, 7, a proposta de José Francisco Martinez (PSDB) que cria o “IPTU Ecológico”. Com o objetivo de preservar, proteger e recuperar o meio ambiente, o projeto de lei prevê desconto de 10% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de novas habitações consideradas sustentáveis.

Segundo o projeto, que estabelece uma série de normal, para que um imóvel residencial seja beneficiado com o desconto, ele terá que apresentar, entre outras medidas, sistema de captação de água da chuva; sistema de reuso de água; sistema de aquecimento hidráulico-solar; sistema de aquecimento elétrico-solar; materiais sustentáveis e calçadas verdes. E, no caso de condomínios residenciais e prédios, também terá que ter coleta seletiva e destinação dos resíduos sólidos para empresas ou cooperativas de reciclagem.

Junto com o projeto, foi aprovada emenda prevendo que o desconto passa a valer após inclusão da estimativa da renúncia de receita na lei orçamentária anual.

sábado, 9 de abril de 2011

União Europeia propõe banir carros movidos a gasolina e diesel

A União Europeia (UE) quer transformar em realidade o sonho dos ecologistas de banir os carros movidos a gasolina e diesel. A ideia é acabar com esses combustíveis nas cidades europeias até 2050. Na semana passada, Bruxelas propôs proibir carros movidos a "combustíveis convencionais" nas ruas de cidades como Paris, Londres, Madri e Berlim, onde apenas carros elétricos ou transportes públicos seriam autorizados. A proposta, que causou polêmica, tem o objetivo de reduzir de forma drástica as emissões de gás carbônico (CO2). Até 2050, a UE quer baixar em 60% seus níveis de emissões, em comparação a 1990.

Mas, para isso, precisará adotar outras medidas, como reduzir os transportes marítimo e aéreo e triplicar a rede ferroviária, diminuindo, assim, o uso de estradas. "Podemos acabar com a dependência do petróleo sem sacrificar a eficiência da economia nem comprometer a mobilidade", disse o comissário europeu de Transportes, Siim Kallas. Ele, porém, admitiu que o objetivo é "muito ambicioso" e exigirá uma "profunda transformação" na forma de locomoção.

Apesar de a Europa ter o melhor sistema de transporte público do mundo, os carros ainda representam 75% da locomoção nas cidades. Se as mudanças avançarem, apenas 50% dos carros que circulam no perímetro urbano poderão utilizar gasolina até 2030. "Isso exigirá mudança de comportamento", disse Kallas.

Nas estradas, os carros a gasolina ainda seriam permitidos. Até os anos 2030, a meta é triplicar o número de trens de alta velocidade no continente. Segundo a UE, o projeto melhoraria o trânsito, o meio ambiente e a saúde da população. No setor aéreo, a meta dos europeus é incentivar a redução dos voos de curta distância, que emitem, proporcionalmente, alta taxa de CO2. A migração para os trens também seria proposta para as viagens em que as distâncias são menores do que 300 quilômetros.

Para bancar essa revolução, a UE precisará investir 1,5 trilhão de euros nos próximos 40 anos. O montante parece alto, mas, segundo a Comissão Europeia, é equivalente a sete anos de importação de petróleo. Por ano, o continente europeu gasta 210 bilhões de euros para importar o combustível.
fonte: Revista Globo Rural